Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino – DAEM ou Hipogonadismo Tardio do Adulto – HTA ou “Andropausa”
Consiste na diminuição dos níveis sanguíneos da testosterona que produzirá uma multiplicidade de sintomas, devido a interferência direta na funcionalidade de diversos órgãos, promovendo a piora da qualidade da vida, redução da expectativa de vida, bem como deterioração do relacionamento entre os casais.
Difere do seu equivalente feminino, a menopausa, em vários aspectos:
- Não ocorre em todos os homens que envelhecem;
- Raramente apresenta sintomas ou sinais típicos, como fogachos nas mulheres;
- Não se manifesta em faixa etária estreita.
Importante ressaltar que as manifestações clínicas ou sintomáticas do hipogonadismo masculino normalmente são discretas ou sutis por um longo período, de forma que o homem não percebe e não procura ajuda médica, até acontecer o agravamento da sua saúde ou esfacelamento do seu casamento para ele sair em busca de ajuda.
Ademais, a cultura machista ainda prevalece na sociedade, fazendo com que nenhum homem procure expor os seus dissabores sexuais com ninguém, nem mesmo com a(o) companheira (o), mantendo o silêncio o máximo possível.
“Mais de 4 anos atendendo casos de saúde sexual masculina, percebo que o homem não consegue identificar com facilidade quando a disfunção erétil está presente, pois no início a disfunção erétil é mais sutil. Os homens normalmente acham que a disfunção erétil consiste na ausência de ereção, procurando um médico somente quando não teve ereção “na hora H” ou porque a ereção acabou inesperadamente antes de completar o ato sexual.
Na verdade, a disfunção erétil também se manifesta com ereção mais fraca ou insuficiente para ter um ato sexual satisfatório. Desta forma, como o homem continua tendo ereção, acaba achando que é normal ou que esse pequeno deslize acontece devido ao processo normal do envelhecimento. Na verdade existe um problema no organismo que é a redução dos níveis sanguíneos de testosterona que causam a disfunção erétil.”
Estudos apontam que os homens que possuem testosterona baixa, têm maior mortalidade do que aqueles com nível normal devido à correlação direta com as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos, AVC, etc.). Isto independe da idade, obesidade e estilo de vida.
Sinais e sintomas
Manifestações sexuais
- Disfunção erétil
- Diminuição ou perda da libido
- Ejaculação precoce ou rápida
-
Aumento da gordura corporal - obesidade.
Ocorre aumento principalmente da gordura visceral ou abdominal com consequente aumento da barriga.
Aumento da gordura corporal - obesidade
- Ocorre aumento principalmente da gordura visceral ou abdominal com consequente aumento da barriga.
- Estudos revelam de forma contundente que há maior risco para ocorrência de doenças cardiovasculares quando a testosterona está abaixo da normalidade (ataques cardíacos - IAM, AVC, tromboses, arteriosclerose, etc), pois possui correlação forte com o desenvolvimento da síndrome metabólica: (Obesidade + hipertensão arterial sistêmica - HAS + resistência insulínica - diabetes tipo 2 + alteração do colesterol e triglicérides).
- Na verdade, a ciência atualmente tem dificuldade em esclarecer com nitidez, se é o hipogonadismo masculino (testosterona reduzida) que conduz à obesidade diretamente ou se é o sedentarismo aliado à ingestão alimentar excessiva que causa a obesidade. Talvez seja mais sensato imaginar que a ocorrência das duas situações em conjunto, seja o caminho mais rápido e sólido para alcançar a obesidade. Agora, não há dúvida que é preciso atacar as duas situações para obter sucesso no ganho de saúde sexual e vida longa.
Perda de massa muscular e da força
- Existe um paralelismo entre a redução progressiva dos níveis de testosterona nos homens, com o aumento da idade e a diminuição da massa muscular. Sabe-se que a testosterona auxilia a produção de proteínas que formam a massa magra por isso é importante no processo de fortalecimento e hipertrofia muscular principalmente em conjunto com atividade muscular ativa. Desta forma, a queda de testosterona implica em menos massa magra e mais massa gorda ou seja gordura abdominal turbinada.
Perda de massa óssea
- Ocorre redução da densidade óssea.
Sintomas psíquicos e cognitivos
- Vínculo com a depressão. O homem perde o prazer por aquilo que produzia alegria e satisfação, coisas simples do dia a dia que perfazem a vida de cada um, como andar de bicicleta, jogar bola, etc. Há uma sensação de inutilidade e não há vontade ou força para enfrentar os desafios da vida.
- Diminuição do bem-estar, falta de iniciativa, fadiga, dificuldade de concentração, falta de energia e cansaço. Chega em casa após o expediente de trabalho e não tem disposição para praticar qualquer atividade física. O rendimento nos estudos diminui e a memória também fica comprometida.
Diminuição dos pelos
- Redução da barba, dos pêlos axilares e corporais.
Diagnóstico
O diagnóstico da DAEM é mais difícil pois o homem deixa de procurar ajuda médica na medida em que os sinais e sintomas normalmente são brandos e incaracterísticos, procurando orientação somente com sintomas mais graves, tal como falha “na hora H” diante da parceira ou porque o casamento esfacelou. Essa cultura machista tem que mudar para o bem da saúde masculina, por vida mais longa, por mais casamentos em harmonia e duradouros, e a família preservada e fortalecida a cada dia.
Definitivamente não é só a mulher que precisa ir ao médico habitualmente para realizar os exames preventivos e cuidar da sua saúde. O homem também precisa frequentar ou no contexto atual da telemedicina, contactar regularmente o médico para cuidar da sua função sexual, principalmente após os 40 anos de idade, época em que uma porção bastante significativa apresentará queda gradual dos níveis de testosterona. Estima-se que os homens de um modo geral, apresentam uma redução de 1% ao ano dos níveis de testosterona, após 40 anos de idade. Daí a necessidade de vigilância permanente quando entra na fase dos “enta”.
O Homem normalmente atribui o seu desinteresse sexual ou problemas sexuais ao envelhecimento inevitável ou porque a esposa não possui mais a beleza de antes, ou porque está tomando o mesmo suco de laranja há vários anos e “enjoou” ou não sente mais o sabor, enfim, uma coletânea de desculpas para acalentar o seu insucesso.
Esse pensamento tem que acabar, pois os tratamentos disponíveis para a função sexual (ereção, ejaculação precoce e libido) são bastantes eficazes em promover a melhora da performance e desempenho sexual.
O diagnóstico fundamenta-se na coexistência de níveis baixos de testosterona total no sangue associado aos sinais e sintomas compatíveis com o hipogonadismo.
Diagnóstico diferencial
- Fundamental avaliar a função da glândula tireoide por meio da dosagem hormonal (TSH, T3,T4), pois a incidência do hipotireoidismo aumenta com a idade e os sintomas confundem com o hipogonadismo, tais como fadiga, fraqueza e transtornos sexuais.
- Depressão, pois os sintomas também confundem com o hipogonadismo, como falta de ânimo, fraqueza, tristeza e queixas somáticas.
- Importante dosar a glicose de jejum e hemoglobina glicada para avaliar a presença de diabetes mellitus que ocasiona distúrbios sexuais. Frequentemente o paciente chega com queixa de disfunção sexual e os exames revelam um quadro de diabetes instalado.
- Níveis de prolactina também devem ser mensurados, pois a hiperprolactinemia (prolactina alta no sangue) provoca problemas sexuais.
- Deve-se apreciar a existência de outras formas de hipogonadismo adquirido: cirúrgicas, químicas, traumáticas e infecciosas (caxumba prévia com acometimento testicular).
- Lipidograma - pois o distúrbio dos lipídios e triglicérides estão correlacionados com síndrome metabólica que possui relação estreita com o hipogonadismo.
- Dosagem de testosterona total e LH (hormônio luteinizante) para identificar se o hipogonadismo é primário (em que o testículo é estimulado porém não produz testosterona suficiente porque está “doente”), ou secundário (que é a forma mais comum, em que o testículo está sadio porém não produz testosterona em quantidade suficiente porque não é estimulado). Essa diferenciação implicará na forma de realizar o tratamento do hipogonadismo.
Tratamento
É preciso restabelecer os níveis normais da testosterona na corrente sanguínea.
- Hipogonadismo primário (testiculo esgotou sua capacidade e não produz testosterona mesmo quando estimulado - Terapia de reposição hormonal por meio da testosterona exógena injetável ou tópica, caso não haja contra indicação.
- Hipogonadismo secundário (testículo tem capacidade de produzir testosterona desde que seja estimulado) - Medicação específica consiste na maneira mais fisiológica de promover o restabelecimento dos níveis sanguíneos da testosterona.
- Tratar a disfunção sexual (disfunção erétil, ejaculação precoce e perda libido) de forma apropriada com as medicações específicas, que são bastante eficazes, caso não haja contra indicação.
- Tratar a síndrome metabólica - Reeducação alimentar, prática de atividade física e medicamentos se for caso para os quadros de HAS (hipertensão arterial sistêmica), DM (diabetes mellitus) e dislipidemia (colesterol e triglicérides aumentados). Certamente haverá necessidade de avaliação e acompanhamento com os seguintes especialistas: Cardiologista, endocrinologista, nutricionista e personal trainer.
- Tendo em vista que o homem que envelhece mais rapidamente geralmente é usuário de várias medicações, é preciso investigar o uso de remédios que possam interferir com a sexualidade, diuréticos, beta bloqueadores, digoxina, antidepressivos, cimetidina, metoclopramida, fenitoína, carbamazepina, fenotiazinas, alfametildopa, butirofenonas, tioridazina, e alfabloqueadores.
Indicação para terapia de reposição exógena de testosterona (TRT)
Níveis sanguíneos de testosterona abaixo da normalidade associado a sinais e sintomas inequívocos de hipogonadismo masculino – hipogonadismo primário (testículo não produz testosterona).
Sinais e sintomas associados com a deficiência de testosterona – DAEM
- Desejo sexual baixo
- Disfunção erétil
- Diminuição da massa e força muscular
- Aumento da gordura corporal, sobretudo abdominal
- Diminuição na densidade mineral óssea
- Vitalidade diminuída
- Ânimo deprimido
Objetivo da TRT
Restaurar os níveis sanguíneos normais de testosterona a fim de melhorar a qualidade de vida e a sensação de bem estar geral que incluem a função sexual, a composição corporal, a força e a massa muscular e a densidade mineral óssea. No entanto, existem situações em que a TRT é contraindicada.
Benefícios da TRT
- Estudos revelam que a reposição de testosterona proporciona efeitos benéficos na função sexual
- Ocorre melhora da saúde óssea e muscular.
- Proporciona melhora de vários parâmetros relacionados com a síndrome metabólica, incluindo melhor controle da glicose, triglicérides, circunferência abdominal e os níveis de colesterol HDL.
- Contribui para redução dos fatores de riscos cardiovasculares.
- Promove melhora do humor e sentimentos de bem-estar.
Os estudos ainda são inconclusivos referente aos efeitos positivos sobre a função cognitiva e estado de ânimo depressivo.
Contraindicações para reposição de testosterona
- Policitemia ou eritrocitose - aumento das hemácias ou glóbulos vermelhos acima do limite da normalidade.
- Hiperplasia prostática benigna/sintomas urinários. Após o tratamento adequado e resolução da obstrução do trato urinário inferior, esta contraindicação deixa de existir.
- Apneia do sono.
- Fertilidade - Administração exógena de testosterona a longo prazo promoverá a supressão do eixo hipotálamo - hipófise - gonadal. Esta supressão provocará ausência de estímulo testicular resultando em infertilidade e redução do tamanho testicular.
- Fertilidade - Administração exógena de testosterona a longo prazo promoverá a supressão do eixo hipotálamo - hipófise - gonadal. Esta supressão provocará ausência de estímulo testicular resultando em infertilidade e redução do tamanho testicular.
- Câncer de próstata - contraindicação absoluta
Administração da TRT
A Testosterona pode ser administrada por via injetável intramuscular ou tópica na forma de gel.
Seguimento e acompanhamento da TRT
Realizar terapia de reposição hormonal com testosterona exógena não é igual a tomar água, ou seja, pode ocorrer efeitos colaterais negativos durante a reposição que são:
- Policitemia (aumento das hemácias ou hematócrito) - importante ressaltar que hematócrito acima de 54% constitui fator de risco importante para a ocorrência de doenças tromboembólicas.
- Apneia do sono.
- Toxicidade hepática.
- Piora dos sintomas obstrutivos nos pacientes com hipertrofia prostática.
- Ginecomastia (aumento do volume das mamas).
- Atrofia testicular e infertilidade - com reposição de testosterona exógena e a consequente elevação da testosterona no sangue, o organismo (glândula hipófise) entende que a testosterona sanguínea está adequada. Desta forma, a glândula hipófise deixa de produzir o LH (hormônio luteinizante) que é o principal estimulador do testículo para produção de testosterona e espermatogênese. Assim, não haverá estimulação testicular (LH baixo ou zero) e o testículo para de funcionar.
É necessário acompanhamento médico durante o processo de reposição da testosterona e realização de exames laboratoriais para identificar possíveis efeitos colaterais negativos, tais como:
- Hemograma.
- Função hepática - TGO, TGP, bilirrubinas totais e frações, fosfatase alcalina e gama GT.
- PSA livre e total.
- Dependendo do tipo de efeito colateral negativo ora existente, o médico deve avaliar a interrupção da TRT.
Forma alternativa e mais fisiológica para recuperação e normalização dos níveis sanguíneos de testosterona.
Indicação:
- Níveis sanguíneos de testosterona abaixo da normalidade associado a sinais e sintomas inequívocos de hipogonadismo masculino - hipogonadismo secundário (testículo é capaz de produzir a testosterona).
- Feito por meio de medicação específica que provocará aumento do estímulo testicular através do aumento do LH (hormônio luteinizante produzido na hipófise), e medicação que promove a inibição da conversão periférica da testosterona em estradiol por meio da inibição da enzima aromatase. Desta forma, consegue-se aumentos significativos da testosterona sanguínea a longo prazo, sem efeitos colaterais sérios, sem afetar a fertilidade e sem ocorrer a atrofia testicular.
Entendendo melhor:
O tecido gorduroso ou adiposo da pessoa com obesidade é rico na enzima aromatase que faz a conversão periférica da testosterona em estradiol, sendo um dos motivos que o indivíduo obeso apresenta testosterona baixa com mais frequência. Sendo assim, tende a possuir testosterona mais baixa e o estradiol um pouco mais alto. Existe medicação que promove a inibição da aromatase, reduzindo a taxa de conversão e assim a testosterona aumenta.
Por isso que: “quanto mais magro, menor será a quantidade da enzima aromase, menor será a taxa de conversão da testosterona em estradiol, mais fácil será a manutenção dos níveis de testosterona dentro da faixa da mortalidade.
Conversão periférica da testosterona – É a conversão da testosterona em estradiol realizado pela enzima aromatase que possui de forma abundante no tecido adiposo.
Viabilidade do atendimento On-line
A telemedicina constitui uma verdadeira revolução do atendimento médico, recurso fantástico da tecnologia que promoveu a relativização da distância.
Assim, permite que o médico converse diretamente com o paciente possibilitando:
- Prescrição de exames,
- Receitas,
- Atestados
- Relatórios.
Vantagens:
- Facilita de forma incrível o acesso ao médico
- Preserva sobretudo a intimidade,
- Maior privacidade de cada paciente diante da realização de uma consulta.
- Discrição
Todas peças envolvidas em qualquer consulta sendo absolutamente equiparáveis ao atendimento presencial. Só não é possível realizar o exame físico, mas pode ser compensado com a solicitação e realização dos exames de imagens quando for necessário.