Médico do HRT relembra atuação em cirurgia cardíaca de alta complexidade

Durante o procedimento foi necessário realizar a sutura com o coração batendo

COMPLEXIDADE – Leonardo Rodovalho relembra que o caso deste paciente foi extremamente difícil, a cirurgia durou mais de três horas e foi necessário realizar a sutura com o coração batendo, tendo em vista que o HRT não possui aparelho de circulação extracorpórea, usado somente em hospitais que realizam cirurgias cardíacas por equipe composta por cirurgiões cardiovasculares. “Tivemos que abrir o tórax deste paciente, drenar todo o sangue que estava se acumulando na cavidade pleural e no saco pericárdico e conter a hemorragia. Esse paciente teve muita sorte, porque a bala não atingiu a artéria coronária. Quando atinge, geralmente causa uma isquemia cardíaca, que é quando há a diminuição da passagem de sangue pelas artérias coronárias, que são os vasos que levam sangue ao coração, dificultando o funcionamento do coração”, explica o cirurgião geral.  

Segundo o médico, como o ferimento não comprometeu a circulação sanguínea coronária, foi possível realizar o procedimento e reverter o quadro clínico do paciente. Leonardo destaca que em cirurgias como estas, a destreza e conhecimento do médico são colocados à prova. “É uma responsabilidade gigantesca, costurar um ferimento com o coração batendo, qualquer vacilo ou falta de firmeza nas mãos poderia ser fatal para o paciente. Em 2017 fiz uma cirurgia semelhante mas, ao invés de um tiro, o paciente recebeu uma facada de aproximadamente seis ou sete centímetros. São casos muito complexos”, avalia.  

O médico explica que não tem como encaminhar pacientes gravíssimos e/ou chocados (instável) para outros hospitais, porque eles já são levados pelo Corpo de Bombeiros ou Samu para o hospital mais próximo, justamente pelo risco de morte. Por conta disso, algumas vezes a Cirurgia Geral acaba sendo responsável por casos de alta complexidade.

PROFISSÃO – A vontade de ser médico surgiu quando ainda era criança. Leonardo foi criado em uma fazenda no interior de Goiás e na família não tinha nenhum médico. Para o menino, na época, era muito interessante a capacidade que o médico tem de prescrever um medicamento e tirar a dor do paciente. O poder de aliviar a dor, aliviar o sofrimento de alguém o impulsionou.   “Ser cirurgião foi uma escolha para salvar vidas. A ação direta do cirurgião através do conhecimento e atuação das suas mãos, com habilidade, é capaz de resgatar, recuperar e salvar vidas.

Isso acontece em casos de infecções em que precisam de intervenção cirúrgica, como uma apendicite, o cirurgião retira aquele mal que está comprometendo a saúde do ser humano com as mãos”, afirma.   Para Leonardo, em situações de traumas causados por arma de fogo ou arma branca, que ocasiona lesões em órgãos diversos, o papel do cirurgião geral é essencial. “A intervenção do cirurgião é capaz de recuperar o órgão e a vida, devolver a dignidade para o paciente. Isso é extremamente gratificante na vida do médico, ser capaz de salvar vidas e isso não tem nada que pague essa satisfação. Nenhuma profissão é capaz de agir e resgatar uma vida, só a do médico”, conclui o cirurgião geral.  

Leonardo Rodovalho formou-se em 2002 pela Universidade do Vale do Sapucaí (Univas), localizada em Pouso Alegre (MG). Em 2003 e 2004 ele fez a residência médica na área de Cirurgia Geral no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e, em 2006, entrou no HRT pelo concurso da Secretaria de Saúde, onde trabalha até hoje.